Stolpersteine Portugal

Stolpersteine em Thessaloniki, com texto em três idiomas

O projeto Stolpersteine em alemão significa “stolpern = tropeçar”, “stein = pedra” e é um projeto do artista plástico Gunter Demnig, oriundo de Berlim. Trata-se de pedras cúbicas de concreto com dimensões de dez por dez centímetros. Um lado do cubo é coberto por uma chapa de latão, a qual contém uma inscrição explicativa sobre o sobrevivente, vítima ou local. 

As “pedras de tropeço” são fixadas na calçada diante da antiga moradia da vítima, na rua, em caso não existir mais a residência, ou em um local histórico relacionado à segunda guerra mundial. 

O objetivo do projeto é criar pequenos monumentos em memória às vítimas do nazismo que sobreviveram, que pereceram durante as deportações, nos campos de concentração ou por escolherem o suicídio para escapar do extermínio. Estas pedras, também, como referido, são colocadas em locais históricos como portos, praças, guetos e outros.

Por que trazer para Portugal? 

Em quase todos os países europeus existe o projeto Stolpersteine, com exceção de Portugal, Bielorússia, Bulgária, Estônia, Bósnia-Herzegovina, Montenegro, Albânia e Macedônia do Norte. O projeto, além de seu simbolismo monumental, integra ao seu banco de dados as informações das pessoas e locais das homenagens. Sendo assim, seria uma maneira de contarmos nossa história na Europa e mostrarmos nossa consciência para com a tolerância homenageando essas pessoas e locais.

O projeto, além do seu valor intrínseco no reconhecimento e trabalho em prol da conscientização, trabalha em parceria com muitos outros projetos relacionados a preservação de patrimônios e diálogos interculturais. 

Em Portugal, além dos locais históricos, tais quais: o porto de Lisboa, a antiga Cozinha Económica Israelita, a casa de Aristides de Sousa Mendes em Cabanas de Viriato, existem algumas dezenas de vítimas e de sobreviventes portugueses que provinham de diversas regiões do país. Fato este que acaba por agregar muito mais valor ao projeto Stolpersteine em Portugal, pois o projeto não se resumiria somente às grandes cidades do nosso país e sim teria um impacto nacional.

Na maioria das cidades portuguesas, a maioria das vítimas do Holocausto não eram judias. Por isso, levar o projeto Stolpersteine para essas localidades é uma forma de valorizar a memória local e promover a educação sobre um assunto que é parte do patrimônio dessas pessoas.

Stolperstein para Martha Liebermann, viúva do artista Max Liebermann, Pariser Platz, Berlim

Uma vez um sobrevivente do holocausto disse em um livro um pensamento que era mais ou menos assim:

“A educação e o diálogo são as únicas maneiras de trazer a consciência. As memórias, as histórias daqueles que sofreram, mesmo que não contadas em primeira pessoa, elas existem. Elas existem na memória de seus familiares, em documentos, em fotografias, através de suas produções artísticas, acadêmicas, literárias ou simplesmente através de seus nomes. Infelizmente, o esquecimento é a forma como matamos essas memórias. Devemos motivar e incentivar toda ação e ato daqueles que querem enaltecer a memória e a história dos justos e imaculados. Há de se incentivar a ação do bem, seja ela de que forma for, pois aqueles que se calam e prejudicam a ação do bem são coniventes com nossos opressores.”

O motivo de executar este projeto vem de uma raiz última em tornar nossa sociedade mais justa e lembrar a memória dos portugueses.

https://www.stolpersteine.eu

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